A (nova) necessidade de preparação financeira para custos de saúde

Preocupações sobre sustentabilidade do modelo atual e necessidade de preparação financeira para os custos de saúde.

Por: Mauricio Coutinho

9 de julho, 2024

Recentemente o jornalista Bernado Mello Franco, do jornal O GLOBO, publicou um artigo relatando que a administradora Qualicorp, alegando prejuízos, anunciou o cancelamento dos planos de saúde Amil para famílias de crianças autistas, mesmo com mensalidades em dia. Esse episódio é apenas a ponta do iceberg de uma prática que afeta também idosos, portadores de doenças raras e pacientes com câncer, transformando-os em clientes indesejáveis.

As operadoras de saúde, defendendo-se sob o manto da legalidade, alegam que os cancelamentos são uma medida difícil mas necessária. No entanto, para as famílias afetadas, essas decisões representam um golpe devastador no momento em que mais necessitam de assistência. A rescisão unilateral de contratos se tornou uma prática comum, levando a um aumento de 99% nas queixas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e incitando investigações parlamentares sobre a atuação das operadoras e da agência reguladora.

Ainda no artigo, o jornalista traz uma fala de uma professora da UFRJ (Ligia Bahia), que critica duramente a ANS, acusando-a de favorecer as operadoras em detrimento dos clientes. Ela descreve a rescisão de contratos como uma prática perversa, destacando que “o cliente interessa quando está saudável e deixa de interessar quando está doente”.

Diante desse cenário, fica evidente a urgência de as pessoas se prepararem financeiramente para cobrir despesas de saúde. A fragilidade do modelo de planos de saúde atuais, agravada por alegações de fraudes e manobras para excluir clientes de maior risco, reforça a necessidade de planejamento e poupança para situações de emergência médica. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), em suas justificativas, evita termos como “rescisão” e “cancelamento”, mas não esclarece como pretende ampliar o acesso à saúde enquanto nega direitos aos segurados.

A resposta do mercado de saúde suplementar às críticas tem sido insatisfatória, com representantes como Alessandro Acayaba de Toledo, da Qualicorp, levantando suspeitas infundadas sobre a necessidade das terapias intensivas para crianças autistas e elogiando a atuação da ANS. A confiança dos consumidores nos planos de saúde está abalada, e a segurança financeira em relação à saúde se torna uma prioridade para todos.

Nesse contexto, é imperativo que cada pessoa considere estratégias de poupança e investimento para garantir a cobertura de despesas médicas futuras. A instabilidade do setor de planos de saúde atual exige que os indivíduos tomem medidas proativas para se protegerem contra a possibilidade de se tornarem vítimas de rescisões unilaterais e falta de assistência em momentos críticos. A preparação financeira é, portanto, uma necessidade urgente diante da realidade instável e frequentemente injusta do sistema de saúde suplementar no Brasil.

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