Aposentadoria e independência financeira: o que considerar para quando envelhecemos?

Por: Sara Marques

18 de junho, 2025

Nos últimos anos tenho estudado profundamente sobre planejamento financeiro, e dentre muitos dados alarmantes, um dos que mais me espantou foi o percentual de aposentados que têm independência financeira. Esse número é menor do que 1%!

Ou seja, a cada 100 pessoas aposentadas, nem 1 pessoa consegue sobreviver apenas com o valor de sua aposentadoria, seja ela a social ou a soma entre social e complementar. O restante da população de aposentados ou depende da receita de algum outro familiar ou deve continuar trabalhando para complementar a renda e apenas conseguiu diminuir o ritmo. 

E a verdade é que se refletirmos sobre esse número, até que faz algum sentido. Afinal, não fomos ensinados nem a planejar nossa vida financeira enquanto ainda estamos trabalhando e recebendo alguma renda recorrente. Quem dirá pensar no dia que pararmos de trabalhar. 

“Mas e o INSS?”

Algumas pessoas podem ver essa afirmação e pensar “Mas e o INSS? Ele não é a nossa aposentadoria?”. E sim, o INSS é uma possível fonte de renda para aposentados. Mas a verdade é que o INSS não tem um modelo sustentável a longo prazo. Isso acontece porque ele funciona no que se chama de repartição simples, onde quem trabalha atualmente, sustenta quem está aposentado atualmente. Ou seja, hoje eu trabalho e a minha contribuição para o INSS paga os benefícios dos aposentados atuais, por exemplo a minha avó. 

Em uma realidade onde as pessoas não vivem tanto e tem muitos filhos, onde a pirâmide etária tem mesmo um formato de pirâmide, esse modelo pode se sustentar. Mas temos vivido uma inversão dessa pirâmide há anos, onde cada vez mais as pessoas vivem muitos anos e, em contrapartida, têm tido cada vez menos filhos e herdeiros.

 Nessa realidade, o modelo atual de previdência social pode não se manter por muitas gerações, ainda que passe por diversas reformas. Então, o mais coerente seria refletir sobre se seu planejamento de aposentadoria deveria contar com um benefício do governo, que nada depende de você. 

Pensando nisso, nossa sugestão, caro leitor, é que você não conte com a aposentadoria social, e caso a tenha, que seja uma boa surpresa em seu planejamento. Por outro lado, há sim coisas importantes que são difíceis de tangibilizar, mas ainda assim, são essenciais para seu planejamento de aposentadoria e independência financeira durante este período. 

Saúde na velhice

O primeiro que quero destacar aqui é seu custo de plano de saúde. Apesar de muitas vezes não ser nossa primeira preocupação enquanto temos algum vínculo empregatício, já que muitas vezes participamos do plano de saúde da empresa,esse é um dos principais e mais voláteis custos durante a aposentadoria. Isso acontece pois nem sempre é possível ficar no plano de saúde de sua empresa, o que quer dizer que você deve começar a avaliar a contratação de plano de saúde em modalidade individual, o que eleva significativamente o custo. 

Em segundo lugar, dentre os principais gastos de aposentadoria, destaco o custo com medicamentos. Talvez, para você, possa parecer estranho tentar contabilizar quanto de sua receita deverá ir para medicamento, mas a realidade é que remédios são caros e devem sim compor seu planejamento de aposentadoria. Afinal, o objetivo é viver por muito tempo, mas também com qualidade. E não é como se fosse possível diminuir os gastos em remédios, não é mesmo? Por isso vale planejar que parte de sua receita deverá ir para medicamentos.

Depois desses, os demais custos tendem a ser menores ao longo dos anos. Não que eles sejam inexistentes, mas tendem a ser mais previsíveis e serem custos que você já esteja acostumado a ter ao longo da vida. 

Usando seus investimentos na aposentadoria

Se eu pudesse traçar um cenário perfeito, a sua aposentadoria deveria consistir em usar apenas o que seus investimentos geram de retorno. Ou seja, se você tem um saldo de R$ 1MM, aplicado em investimentos, que dá um retorno de 6% ao ano, por exemplo, o ideal seria seus gastos mensais não ultrapassarem os R$ 5.000,00/mês, que somados em um ano são equivalentes aos R$ 60.000,00.

Mas sei que nem sempre isso é possível, logo, minha sugestão nestes casos, é iniciar seu planejamento de aposentadoria sendo realista em relação aos gastos que você terá durante aposentadoria, e buscar formas de construir uma renda que possa te sustentar por, ao menos, 30 anos – ou mais, dependendo de quando você quiser se aposentar – com qualidade de vida. 

O esforço para uma aposentadoria não deve ser focado apenas em sobrevivência com seu patrimônio, e sim em viver com ele. O planejamento financeiro deve buscar uma forma de fazer com que o dinheiro trabalhe a seu favor, e não você correndo atrás do dinheiro eternamente. 

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