O blog do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) publicou recentemente um artigo de sua Comissão Estratégica – Papel do conselho na execução da estratégia – que tem grande relevância quando consideramos os desafios dinâmicos e modernos enfrentados pelos fundos de pensão.
Responsáveis por gerir o patrimônio de milhões de participantes, os fundos de pensão estão inseridos em um ambiente desafiador. A volatilidade dos mercados, as mudanças regulatórias, as pressões socioeconômicas e as inovações tecnológicas são fatores que demandam uma abordagem estratégica dinâmica e proativa.
Muito por isso, e em função da grande relevância dos Conselhos de Administração, torna-se urgente sua evolução para uma nova mentalidade, que permita adaptação a um cenário em constante transformação.
O papel do conselho, conforme destacado pelo IBGC, vai além das meras observação e supervisão. Os conselheiros, nos fundos de pensão, precisam ser agentes ativos na execução da estratégia e devem estar alinhados às características particulares desse setor.
A gestão eficaz dos recursos financeiros, aliada à busca constante por soluções inovadoras e resilientes, é essencial para garantir a sustentabilidade dos fundos de pensão em longo prazo.
A evolução nos Conselhos
A renovação da mentalidade de conselheiros começa com o reconhecimento da necessidade de se adaptar a um ambiente em transformação. A abertura para a inovação e a disposição para desafiar paradigmas estabelecidos são elementos-chave nesse processo.
Os conselheiros devem estar dispostos a questionar suas próprias premissas, a aprender com as mudanças e a buscar constantemente novas perspectivas para enfrentar os desafios contemporâneos.
Um dos desafios específicos que os fundos de pensão enfrentam é o envelhecimento da população, que impacta diretamente a gestão de recursos a longo prazo. A renovação da mentalidade do conselho implica não apenas em lidar com questões imediatas, mas também em antecipar e preparar os fundos para um futuro em que as demandas e expectativas dos participantes serão distintas.
Uma abordagem participativa
A estratégia aberta, mencionada no artigo do IBGC, também se aplica de maneira significativa aos fundos de pensão. Incluir os participantes, entender suas expectativas e necessidades, e envolvê-los no processo de tomada de decisão não apenas fortalece a transparência, mas também promove uma governança mais alinhada aos interesses dos beneficiários.
A renovação na mentalidade dos conselheiros deve, ainda, abranger a inclusão de diferentes perspectivas, considerando a diversidade de perfis e experiências dos participantes.
Tecnologia e Sustentabilidade no radar
A velocidade das mudanças tecnológicas é outro contexto crítico, e exige uma adaptação rápida dos fundos de pensão. A renovação da mentalidade dos conselheiros pressupõe a profunda compreensão das implicações decorrentes da inovação tecnológica nos investimentos, na gestão de riscos e na comunicação com os participantes.
A capacidade de adotar tecnologias emergentes de forma estratégica pode ser um diferencial para a otimização de processos e na oferta de serviços mais eficientes pelos fundos de pensão
Além disso, a sustentabilidade, tanto ambiental quanto social, tornou-se uma preocupação central para investidores e participantes. Os conselheiros dos fundos de pensão precisam integrar essas considerações de forma ampla na formulação e execução da estratégia.
A renovação da mentalidade envolve, também, reconhecer que a responsabilidade fiduciária vai além dos retornos financeiros, incluindo a consideração do impacto social e ambiental das decisões de investimento.
Aprendizado e atualização constantes
A formação e a capacitação contínua dos conselheiros são essenciais nesse processo. Os fundos podem buscar parcerias com instituições educacionais, especialistas do setor e organizações dedicadas ao desenvolvimento de lideranças para garantir que seus conselheiros estejam atualizados com as práticas mais modernas e as novas tendências de governança.
O desafio enfrentado pelos fundos de pensão é, portanto, significativo. Mas promover a evolução da atuação dos conselheiros representa uma oportunidade para transformar estes desafios em catalisadores de crescimento e inovação. A integração eficaz das diretrizes propostas pelo IBGC sobre o papel do conselho na execução da estratégia com as necessidades específicas dos fundos de pensão é essencial para garantir uma governança robusta e preparada para os desafios do século XXI.
Ao adotar uma mentalidade renovada, os conselheiros podem liderar os fundos de pensão em direção a um futuro sustentável, resiliente e alinhado, principalmente, com as expectativas dos participantes, sempre em movimento, e do ambiente global, em constante evolução.