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Saúde mental no trabalho: o novo desafio das empresas no Brasil

Por: Fábio Corrêa

29 de janeiro, 2025

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A partir de 25 de maio de 2025, as empresas brasileiras terão que se adaptar a uma nova realidade quando o assunto for saúde mental no ambiente de trabalho. A Portaria MTE nº 1.419/2024, publicada em 27 de agosto de 2024, trouxe mudanças importantes na Norma Regulamentadora 01 (NR-01), exigindo que organizações de todos os tamanhos adotem medidas concretas para proteger o bem-estar psicológico de seus funcionários.

Mas, na prática, o que isso significa? Como essa mudança impacta o dia a dia das empresas? E quais os desafios para garantir a implementação dessas novas regras?

O que muda com a nova regulamentação?

A NR-01 sempre estabeleceu diretrizes gerais para a segurança e saúde ocupacional. Agora, ela passa a incluir a obrigatoriedade de ações voltadas especificamente para a saúde mental, como:

Identificação e redução de riscos psicossociais, como assédio moral, pressão excessiva por resultados e condições que favoreçam ansiedade e burnout.

Programas preventivos, incluindo suporte psicológico e capacitação de gestores para lidar com questões emocionais no ambiente de trabalho.

Transparência e monitoramento, com a exigência de relatórios anuais sobre indicadores de bem-estar mental. As empresas terão 270 dias, a partir de agosto de 2024, para implementar essas medidas. Depois desse prazo, a partir de maio de 2025, quem não cumprir as exigências poderá enfrentar penalidades, como multas e sanções trabalhistas.

Por que a saúde mental virou prioridade agora?

A nova regulamentação não veio do nada. Ela reflete uma série de fatores que já vinham pressionando empresas a olharem com mais atenção para o impacto do trabalho na saúde emocional dos funcionários. Entre os principais motivos:

Dados alarmantes: 30% dos brasileiros em idade ativa sofrem com ansiedade ou depressão, segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).

Prejuízo econômico: Problemas de saúde mental custam ao Brasil cerca de R$ 200 bilhões por ano, considerando absenteísmo e queda na produtividade (IBGE, 2023). 🌎 Pressão internacional: Desde 2019, a OMS reconhece o burnout como “síndrome ocupacional”, e a ISO 45003 (2021) já orienta empresas sobre a gestão de riscos psicossociais.

Desafios e soluções para as empresas

O prazo de adequação é curto: nove meses. Isso significa que as empresas precisam agir rápido. Algumas estratégias essenciais incluem:

Mapeamento de riscos – Realizar pesquisas anônimas com os colaboradores para identificar os principais desafios.

Criação de comitês internos – Envolver RH, SESMT e representantes dos funcionários no desenvolvimento de políticas eficazes.

Parcerias com plataformas de apoio psicológico – Startups como Vittude e Zenklub já oferecem soluções acessíveis para suporte mental no ambiente corporativo.

Algumas empresas já saíram na frente: o Banco do Brasil, por exemplo, implementou o programa “Equilíbrio Mental” e viu uma redução significativa no turnover. A Natura, por sua vez, criou dias de “desconexão digital” para incentivar o descanso mental.

E depois de 2025?

Essa mudança regulatória não é só uma questão de cumprimento de normas, mas um reflexo de uma transformação maior no mercado de trabalho. Entre as tendências para os próximos anos, podemos esperar:

Saúde mental como métrica de gestão – Indicadores de bem-estar emocional devem ganhar espaço em relatórios ESG.

Foco nas pequenas empresas – O governo já anunciou subsídios para ajudar micro e pequenos negócios a se adaptarem às novas exigências.

Uso da tecnologia para prevenção – Ferramentas de inteligência artificial podem ajudar a monitorar a carga de trabalho e sugerir pausas estratégicas.

Conclusão

A Portaria MTE 1.419/2024 coloca o Brasil na vanguarda da proteção à saúde mental no trabalho na América Latina. Mais do que uma obrigação legal, essa mudança representa uma oportunidade para as empresas repensarem sua cultura organizacional e priorizarem um ambiente mais saudável e produtivo.

Cuidar da mente dos colaboradores é tão essencial quanto garantir equipamentos de segurança. A partir de 2025, essa responsabilidade não será mais uma escolha – será uma necessidade.

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