Priorizando o que realmente importa

Governança, transparência e accountability em previdência e saúde suplementar

Por: Márcio Medeiros

1 de abril, 2024

Mulher branca e homem negro, ambos idosos e usando óculos, sentados em uma mesa analisando documentos com outro homem. A imagem ilustra artigo sobre a importância da gestão de recursos, baseada na governança de gastos, na transparência e accountability, nas entidades de previdência e saúde suplementar.
Créditos: Pexels

A busca por segurança e bem-estar impulsiona o crescimento dos setores de previdência e saúde suplementar no Brasil, mas também exige aprimoramento na gestão dos recursos.

Neste contexto, a governança, a transparência e a accountability de gastos assumem um papel fundamental. Governança eficaz garante o direcionamento estratégico dos recursos. A transparência permite o acompanhamento da sociedade e a accountability responsabiliza os gestores.

O conceito de governança de gastos expressa como é realizada a priorização, gestão e a avaliação dos gastos como um todo, ou seja, com base em que parâmetros são tomadas as decisões sobre  alocação de recursos ou o que deve ser priorizado. 

Entretanto, percebo que grande parte dos debates em aprimorar a governança dos gastos concentram-se em aprimorar a eficiência e controle dos gastos, o que obviamente é importante, mas há poucos debates sobre qualidade, efetividade e alinhamento de gastos ao propósito das instituições. Já o conceito de accountability preenche a obrigação de prestar contas e remete à transparência e responsabilização do alto escalão.

Como priorizar a alocação de recursos no que realmente importa? O foco deve estar em gastos que promovam resultados efetivos para os participantes e beneficiários. 

Qualquer ação será insuficiente se não estiver acompanhada de resultados baseados no propósito da entidade. O acompanhamento dos resultados deve se dar por meio de um sistema de monitoramento com indicadores de efetividade que facilitem a gestão de desempenho e permitam avaliar se aquela despesa é prioritária ou necessária sob a ótica do propósito da instituição. 

Para exemplificar didaticamente a regra de ouro do propósito, podemos citar organizações que realizam gastos com motoristas, por exemplo, mas seu propósito não tem relação direta com essa atividade  O gasto atende somente ao conforto do seu quadro de gestores. Podemos citar outros exemplos como gastos com ferramentas de tecnologia não utilizadas, aluguel de prédios em endereços de difícil acesso aos participantes ou beneficiários. 

A questão que está em jogo é priorizar os gastos com foco e resultado para aqueles atendidos pelo propósito da instituição.

A transparência é um passo importante nesse sentido, pois ao mesmo tempo que revela os detalhes e intenções dos gestores, gera maior comprometimento e zelo com os gastos. Para tanto é necessário disponibilizar as informações de modo simplificado e com possibilidade de cruzar, segmentar e analisar, ou seja, é preciso disponibilizar uma ferramenta de consulta com possibilidade de extração de dados em diversas formas de visualização e interação. Disponibilizar um relatório anual ou demonstrações contábeis em PDF com informações não tempestivas definitivamente não é ser transparente.

A importância do accountability está na responsabilização dos agentes em relação aos resultados que os gastos promoveram ou não. Os gastos de uma entidade ou de um plano de saúde precisam ser justificados e seus resultados monitorados. 

Qualquer despesa precisa estar associada à estratégia da organização. Mas ao mesmo tempo compete ao gestor questionar se o gasto é necessário, pode ser reduzido ou deve ser ampliado? A resposta depende como aquela ação ou insumo facilita ou dificulta a execução do propósito da instituição. Um hospital não pode funcionar sem gazes ou soro fisiológico, obviamente, mas uma organização administrativa certamente pode funcionar com muito menos papel que utiliza usualmente.

A teoria do círculo de ouro de Simon Sinek (2011) indica porquê algumas empresas como Apple, Walt Disney e Amazon conseguem engajar e inspirar seus colaboradores e clientes. O desenho, comunicação e operação dessas empresas estão baseados na compreensão do propósito do que elas fazem. Com essa compreensão e convicção, a governança vai direcionar os gastos para ações que promovam aprendizado e crescimento, melhoria dos processos críticos e entrega de resultados efetivos para os clientes finais.

A inovação é um ingrediente para alimentar a gestão com boas ideias que resultem em aprimoramento da prestação dos serviços, redução de custos de funcionamento e maximização de valor com foco em retorno ao cidadão-cliente. A inovação não pode ser buscada somente com foco de aumentar lucratividade ou conforto dos que executam o trabalho. Inovação de verdade traz benefícios ao propósito da instituição.

  • Qualidade e efetividade dos gastos
    • Alinhamento dos gastos com o propósito das entidades.
    • Monitoramento de resultados e indicadores de efetividade.
  • Transparência e acesso à informação
    • Divulgação clara e simplificada de dados sobre os gastos.
    • Ferramentas para consulta e análise de dados.
  • Accountability e responsabilização
    • Prestação de contas e responsabilização dos gestores.
    • Cultura de meritocracia e valorização do resultado.
  • Inovação e propósito
    • Busca por soluções inovadoras para otimizar recursos.
    • Definição clara do propósito das entidades e seu impacto na sociedade.

A transparência, o accountability e a sustentabilidade são pilares da governança essenciais aos setores de previdência e saúde suplementar. Priorizar o que realmente importa, com foco na qualidade, efetividade e no propósito das entidades, garantirá a segurança e o bem-estar no presente e no futuro.

  1. Envelhecimento da População
  • Aumento da necessidade de planos de previdência privada, mas a demanda ainda é muito pequena aquém por desconhecimento ou dificuldade de poupar.
  • Necessidade de garantir a sustentabilidade dos planos no longo prazo.
  1. Crescimento dos Custos da Saúde
  • Busca por soluções para controlar os custos sem comprometer a qualidade dos serviços.
  • Investimento em tecnologias e inovações para otimizar recursos.
  1. Inovações Tecnológicas
  • Utilização de inteligência artificial para gestão de riscos e precificação de produtos.
  • Telemedicina como forma de ampliar o acesso à saúde.
  1. Regulamentação
  • Cumprimento das normas e leis que regem os setores.
  • Participação na construção de um ambiente regulatório mais propício.
  1. Educação Financeira
  • Conscientização da população sobre a importância de se planejar para o futuro.
  • Promoção da cultura de previdência e investimento.

Adaptado do artigo original “Governança, Transparência e Accountability de Gastos em Organizações Públicas e Privadas” de Márcio Lima Medeiros.

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