O início do segundo trimestre de cada ano é um bom período para as entidades avaliarem a performance de seus fundos. Até o dia 31 de março, os fundos de pensão encaminham à Previc os resultados do ano anterior, por meio dos demonstrativos atuariais, seguido pela necessidade de divulgação dos Relatórios Anuais de Informações do exercício anterior, que devem ser publicados até o fim de abril. Com base nestes dados, podemos dizer que se trata de um ótimo momento para avaliar se chegou a hora de migrar para um fundo multipatrocinado.
Se o contexto for favorável à mudança, seja pela dificuldade em manter uma estrutura específica para os investimentos, pelos custos envolvidos nesta gestão ou mesmo por desempenho abaixo do esperado, é preciso começar a analisar as opções disponíveis no mercado. Há diversas entidades que mantêm fundos multipatrocinados e alguns pontos demandam atenção especial.
Na minha avaliação, há quatro fatores fundamentais que podem fazer da escolha um sucesso ou, no pior dos casos, criar um enorme problema futuro. Assim, se o objetivo é fazer a migração, cabe às entidades investirem tempo para uma avaliação criteriosa sob diferentes aspectos.
Custo
O primeiro ponto geralmente avaliado é a questão do custo. Ao migrar para um fundo multipatrocinado, um dos principais objetivos é diminuir gastos com a criação e manutenção da estrutura necessária para atender todas as exigências e necessidades de um fundo de pensão. Porém, a escolha não deve ser feita exclusivamente com base no custo. A economia certamente será uma vantagem do fundo multipatrocinado, porém, antes de escolher pelo mais atrativo financeiramente, é preciso ficar atento a tudo o que está incluso neste valor e se há limitações, seja para o patrocinador como para o participante.
Governança
O segundo ponto essencial é a questão da governança. Ao procurar os fundos multipatrocinados, deve-se entender como é a estrutura do fundo, ou seja, é preciso validar principalmente se há uma área de risco, um comitê de investimentos e como o fundo atende às exigências da Previc, conciliado com os objetivos dos patrocinadores.
Parceria
Como terceiro aspecto fundamental, eu destaco a liberdade que o fundo dará à empresa patrocinadora para apresentar sugestões de gestores e investimentos. Deve-se entender se há flexibilidade para migração de gestores ou se a entidade trabalha com um gestor único e opções limitadas de fundos e aplicações.
Considerando que o fundo multipatrocinado envolve diferentes empresas patrocinadoras, é esperado que ele apresente um leque de opções, com características distintas. Além disso, é importante a flexibilidade para indicar novos gestores, sempre seguindo um processo independente de due diligence. Já que se trata de um investimento de longo prazo, esta liberdade para o diálogo entre as partes é um pré-requisito para um relacionamento positivo.
Atendimento ao participante
O último ponto, porém não menos importante, é o atendimento ao participante. Na verdade, considerando que tudo em um fundo de pensão visa o bem estar do participante na aposentadoria, trata-se do fator mais revelante. Antes de migrar para um fundo multipatrocinado, é preciso conhecer a estrutura disponível para atender o participante – seja com atendimento telefônico, digital ou presencial. Deve-se ter um controle do atendimento ao cliente e a comunicação deve ser constante e clara. Iniciativas voltadas para educação financeira do participante são fundamentais e podem representar um grande diferencial. Os participantes são os grandes clientes e, para eles, devemos explicações, ensinamentos e orientações.
Muitas vezes, ao buscar novas opções, avaliamos preços, estrutura de investimentos, rentabilidade e nos esquecemos de olhar para quem realmente é o grande interessado na melhor performance do fundo. Este ponto é, sem dúvida, o principal. Se não tiver uma boa comunicação e um bom atendimento ao cliente, de nada adiantará toda a estrutura e boa rentabilidade.
Para cada um dos pontos levantados aqui, não há resposta certa ou errada. Mas a sugestão aqui é que cada um destes pontos sejam considerados pensando na melhor estrutura para as necessidade de sua patrocinadora e seus participantes.