A responsabilidade de gerir as reservas de milhares de pessoas que contarão com esses recursos na hora de se aposentar é das entidades. Assim, decidir entre criar e manter uma Entidade Fechada de Previdência Complementar ou buscar um Fundo Multipatrocinado é a primeira grande dúvida. E, portanto, há uma série de requisitos que precisam ser avaliados e que podem ajudar na tomada de decisão.
Vamos começar analisando as demandas corriqueiras de uma Entidade Fechada. O primeiro ponto é o enquadramento na legislação e definição das políticas de investimentos. É preciso estar enquadrado na CMN 4994 e enviar constantemente as informações exigidas pela PREVIC, como, por exemplo, os demonstrativos de investimentos. Além disso, é preciso fazer a avaliação atuarial, decidir como será feita a gestão dos recursos, se internamente ou por um gestor externo, e realizar estudos de Asset Liability Management (ALM), para Planos BD ou Asset Risk Management (ARM) no caso de Planos CD, para gerenciar os riscos e evitar qualquer descasamento entre ativo e passivo. Essa análise ainda não considera todas as responsabilidades com cadastro de participante ou pagamento de benefícios, que torna ainda mais complexa a operação destas Entidades.
Ainda, caso a Entidade decida por fazer a gestão diretamente, há a necessidade de formação de time de gestores e profissionais capacitados para o monitoramento necessário, definição de Sistema a ser utilizado e criação de Comitês para decisão dos Investimentos. Vale ressaltar que, mesmo se a gestão da carteira for terceirizada, a responsabilidade é da Entidade e, portanto, definir as políticas, acompanhar o enquadramento e encaminhar os demonstrativos para a PREVIC são suas funções. Tudo isso ressalta a necessidade de Entidades Fechadas buscarem, cada vez mais, equipes multidisciplinares e com alta capacidade. E, portanto, a energia que este modelo exige.
Avaliando Fundos Multipatrocinados
A segunda opção é analisar a possibilidade da Patrocinadora passar a fazer parte de um Fundo Multipatrocinado. Ao contrário do que muitos possam imaginar, é possível, em um Fundo como este, ter uma estratégia de investimento diferenciada para cada patrocinador. E há maneiras de monitoramento tanto dos enquadramentos específicos como dos enquadramentos macro destas carteiras nas políticas de investimentos previamente definidas.
Ao invés de criar e formar todo um time dedicado à gestão do Fundo de Pensão, a Patrocinadora contará com um parceiro que já está habituado com as demandas deste mercado e que já tem estrutura e expertise para atender às necessidades trazidas pela legislação e participantes. Além disso, há possibilidade de sinergias e ganhos adicionais.
Podemos citar como exemplo possíveis reduções de custo com análises atuariais, gestão de risco, entre outros. Ao compartilhar a estrutura do fundo, não há a necessidade de investir na criação de um time e despender esforços para buscar parceiros em outras frentes. Certamente, o fundo multipatrocinado pode te auxiliar a encontrar estas parcerias, podendo, inclusive, já te-las firmadas, podendo também oferecer valores mais acessíveis com a mesma qualidade.
Outro ponto que pode trazer dúvidas é se, ao optar por um Fundo Multipatrocinado, a Patrocinadora perde o seu poder de decisão, e em geral, essa é uma das perguntas que recebo com maior frequência quando tenho esse tipo de discussão. E, como especialista e consultora da área, posso afirmar que não necessariamente. Dependendo do contexto de cada Patrocinadora, um Fundo Multipatrocinado pode ser uma alternativa para tornar a gestão mais simples, eficiente e com a mesma qualidade de controle e acompanhamento.
É preciso avaliar caso a caso e descobrir se essa é uma solução para seu modelo e se o momento da mudança é agora. Mas sem perder o foco no que realmente importa: um atendimento bom a seus participantes e um modelo de operacionalização que ande em linha com a estratégia da Patrocinadora.