Caminhos para gerar valor aos participantes com transparência
O e-book “Previdência Complementar em Evolução: Como as EFPCs Podem se Diferenciar e Gerar Mais Valor?”, resultado do trabalho desenvolvido no âmbito do Grupo de Trabalho 4 (GT-4) do projeto “Expansão ou Morte” da Abrapp, apresenta uma visão estratégica sobre propostas de valor e novos produtos e serviços que podem ser explorados pelas EFPCs. Conhecer o participante é fundamental para traçar estratégias assertivas, trazendo valor real para quem importa.
Para alcançar esse objetivo, é necessário mais do que boas intenções, faz-se necessário escolher onde investir os recursos institucionais. O estudo conduzido pelo GT-4 demonstrou que atributos como atendimento de excelência, transparência, inovação contínua e benefícios funcionais são os principais elementos percebidos como reais geradores de valor. E são justamente essas dimensões que requerem foco, escuta ativa e proximidade com o participante.
Mas como fazer isso sem sobrecarregar estruturas já enxutas? A resposta está na governança e na inteligência de formar boas parcerias.
Delegar com estratégia, entregar com propósito
O estudo também reforça a ideia de que as EFPCs devem operar como plataformas de valor ampliado, oferecendo soluções que vão além da previdência tradicional. Isso implica dialogar com novos segmentos, incorporar serviços complementares, ampliar canais de atendimento e fortalecer atributos percebidos pelos participantes.
Nesse processo, é essencial reconhecer o ativo mais valioso que as EFPCs já possuem: seu corpo técnico altamente qualificado, com profundo conhecimento do modelo previdenciário, da relação com patrocinadores e das necessidades dos participantes. As parcerias estratégicas não substituem esse capital intelectual interno, potencializam. Ao alinhar o conhecimento prático das equipes com soluções inovadoras trazidas por parceiros especializados, as EFPCs fortalecem sua capacidade de entregar valor de forma mais eficaz e sintonizada com os desafios do setor.
Nesse contexto, a governança exerce um papel central ao proporcionar um processo mais claro, coeso e previsível para a formação e gestão de parcerias. Quando bem estruturada, orienta a seleção de aliados com base em critérios objetivos e alinhamento estratégico, promovendo a integração efetiva entre capacidades internas e recursos externos.
A combinação entre conhecimento interno especializado e alianças externas bem estruturadas pode ser um diferencial competitivo das EFPCs. A definição da estratégia e das propostas de valor, que serão o elo entre entidade e participante, deve passar por todos os stakeholders. Identificar quais recursos e parceiros são essenciais requer um papel ativo dos processos de governança.
A junção do conhecimento interno e externo, quando ancorada em uma governança adequada, otimiza os recursos e as ações estratégicas. Esse arranjo viabiliza soluções inovadoras com impacto concreto e pode, inclusive, se converter em receitas adicionais reguladas, contribuindo com fontes alternativas (como o Fundo Compartilhado) e fortalecendo o ciclo de entrega de valor com propósito.
Mais do que valor agregado, essas alianças podem contribuir diretamente para a sustentabilidade financeira da entidade, ao viabilizar modelos de receitas acessórias previstos na Resolução CNPC nº 62/2021, como aquelas oriundas de parcerias comerciais, operações de fomento e iniciativas de inovação alinhadas ao objeto previdenciário. A constituição de um fundo administrativo compartilhado, quando respaldada por estudo de viabilidade e aprovada em instância de governança, pode ser uma ferramenta poderosa para alavancar essas iniciativas sem comprometer o equilíbrio da gestão administrativa. Esse fundo tem a finalidade específica de custear ações que gerem benefícios adicionais ao participante, desde que alinhadas à missão da entidade e devidamente aprovadas.
Ou seja: além de ampliar o valor percebido, boas parcerias podem gerar receita regulada, transparente e estratégica.
A governança como guardiã do valor gerado
Nesse cenário, a governança deixa de ser apenas um sistema de controle e passa a exercer seu papel mais nobre: garantir coerência entre missão, estratégia e execução, inclusive quando parte da entrega ocorre via alianças externas.
A boa governança é aquela que sabe escolher com critério, alinhar com clareza e acompanhar com método, garantindo que cada parceria esteja a serviço da proposta de valor da entidade. O material produzido no e-book é enfático: valor não é apenas percepção subjetiva, é entrega concreta, funcional e confiável.
Governança madura não teme compartilhar responsabilidades com parceiros, mas deve monitorar os resultados obtidos e como foram obtidos. Escolher aliados estratégicos é uma decisão de longo prazo, que exige visão sistêmica, liderança técnica e responsabilidade fiduciária.
Foco no participante, sustentado com inteligência
Ao liberar energia interna por meio de alianças bem escolhidas, as EFPCs podem se dedicar ao que realmente importa: escuta ativa, experiência de serviço, comunicação transparente e personalização crescente.
Em um ambiente cada vez mais desafiador, gerar valor e receita com base em princípios e governança deixa de ser diferencial e passa a ser uma condição essencial para a perenidade e relevância das EFPCs.