Nos últimos anos, observamos no segmento mundial de previdência uma notável mudança no cenário dos investimentos, com fundos de pensão direcionando uma parcela significativa de seus recursos para o excitante e dinâmico universo das startups.
Essa tendência não apenas reflete a busca por retornos mais robustos, mas também evidencia a crescente compreensão dos gestores sobre a importância de diversificar suas carteiras para assegurar a sustentabilidade a longo prazo.
O movimento em direção às startups como classe de ativos não tradicional representa um desvio marcante das abordagens convencionais de investimento associadas a essas entidades.
Tradicionalmente, esses fundos concentravam seus investimentos em títulos de renda fixa e ações de empresas estabelecidas, buscando a estabilidade e a previsibilidade de retornos a longo prazo.
No entanto, as mudanças no cenário econômico, aceleradas pela velocidade das transformações tecnológicas e pelas novas dinâmicas de mercado, provocaram uma reavaliação dessa estratégia.
O atrativo das startups para os fundos de pensão reside não apenas na busca por rendimentos mais elevados, mas também na oportunidade de participar ativamente da inovação e do crescimento econômico, criando novas possibilidades de negócio dentro e fora do segmento.
As startups, frequentemente caracterizadas por sua agilidade, capacidade de adaptação rápida e propensão a desafiar o status quo, oferecem um terreno fértil, a custo baixo, para investidores que buscam exposição a setores emergentes e tecnologias disruptivas.
A abordagem dessas entidades em relação às startups é multifacetada. Algumas optam por investir diretamente em empresas emergentes, tornando-se acionistas estratégicos e colaborando ativamente com a gestão para impulsionar o sucesso a longo prazo. Outros preferem veículos de investimento coletivo, como fundos de venture capital, que proporcionam diversificação automática em um portfólio de startups.
Como exemplo, temos o Ontario Teachers’ Pension Plan, com sede no Canadá, que por meio de sua divisão Teachers’ Private Capital, tem histórico de investimentos em empresas de tecnologia e inovação. Eles participaram de financiamentos de algumas startups em estágio avançado.
Em 2022, o GPIF (Fundo de investimento de pensões do governo do Japão) começou a investir em startups do país pela primeira vez. O fundo investirá US$ 1,45 trilhão na economia inicial, em um esforço para desenvolver empreendimentos.
Outro exemplo relevante é a liberação da Grã-Bretanha de US$ 64 bilhões em financiamento de pensões para startups de tecnologia. Isto porque a empresa de design de chips Arm optou por listar-se nos EUA em vez da Grã-Bretanha, o que representou um grande golpe nas ambições do país de se tornar um destino global para grandes IPOs de tecnologia.
Muito embora o movimento pelos fundos mundo afora esteja acontecendo, essa mudança de paradigma não está livre de desafios. O ambiente das startups é notório por sua volatilidade e pela alta taxa de insucesso de novos empreendimentos.
Os fundos de pensão, historicamente associados à estabilidade e segurança, agora enfrentam o desafio de equilibrar a busca por retornos mais elevados com a necessidade de mitigar riscos significativos.
A regulação desse tipo de investimento também está em constante evolução. À medida que os fundos de pensão se aventuram mais profundamente no ecossistema de startups, os órgãos reguladores estão atentos, ajustando políticas e diretrizes para garantir a proteção dos interesses dos beneficiários dos fundos.
À medida que o cenário de investimentos continua a evoluir, os fundos de pensão desempenharão um papel fundamental na formação do futuro das finanças e no apoio ao florescimento das empresas inovadoras que impulsionarão o futuro econômico e, principalmente, o bem-estar de seus participantes.